fragilidade
senti uma batida. seguiu-se uma sacudidela. na vasteza da planície parei e avaliei a situação. não podia ser efeito do vento na superfície de terra. uma oscilação mais forte - semelhando ondas em revolto oceano agindo sobre um navio - acompanhada de um rugido de tigre saindo de dentro da terra, soberana mãe de todos nós eriçou-me os pelos do corpo agora transido e paralisado de pavor. só podia ser um forte terramoto que me apanhava desprotegido. a palavra desprotegido fez-me rir. um riso espasmódico, mas riso.
haveria algum sítio onde pudéssemos estar protegidos de um cataclismo como o que se adivinhava pela vibração que os pés sentiam? pelo som em fúria alastrando cada vez mais intenso e medonho? pela electricidade que corria no ar e se sentia na pele…?
em pânico tentei uma fuga desesperada ao som e ao movimento que me diziam estar a terra a fender-se debaixo de meus pés…fui bem sucedido. estremunhado, alagado em suor, o coração a bater descompassado, deixei os braços de Morfeu que não haviam sido tão seguros como de costume e acordei debaixo da cama. enrolado na roupa que me amortecera a queda na insana fuga..
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E este o texto que enviei para o 11º Jogo no Eremitério onde podem ler uma variedade de escritos criativos - de muitos outros autores - sob o mote das 12 Palavras obrigatórias.
humano poder
soberano do sono
Morfeu perde-se
na vasteza do
oceano construído
pelo humano sonhar.
tigre já não senhor
da situação. navio
lançado à deriva
pela força do vento
do pensamento.
entre oscilações
batidas sacudidelas
perde-se na imensidão
cega e vazia
que dentro do Homem
se elabora e des-constrói.