deixo um texto inedito: "atracção" e o que foi enviado para participar no Jogo do Eremitério: "santuário". Mas não deixem de passar por lá e ler os vários textos e olhares produzidos a partir das 12 palavras obrigatórias.
Lembrem-se que este Jogo, quase a fazer um ano de vida solidária e lúdicamente, deu origem ao livro "22 OLHARES SOBRE 12 PALAVRAS" que podem adquirir enviando o pedido para a editora: ediumeditores@gmail.com
<><><><><><><><><>
santuário
vivia benjamim com grande simplicidade e a leveza do beija-flor uma vida de amor e partilha tecida na verdade dos sentimentos e na coragem de os expressar. do riso ás lágrimas sem falsos pudores.
de madrugada partia a pastorear as ovelhas e enchia os dias com odes compostas na sua flauta de cana, feita segundo a forma ritual ensinada pelo pai e passada de geração em geração desde tempos perdidos nas memória familiares.
no bornal transportava as vitualhas que o alimentariam. a água bebia-a fresca pelas fontes, num cocharro pendurado à ilharga.
mas na vida de Benjamim havia uma mágoa que nunca o largava e que ele aprendera a manter soterrada pela paz e harmonia de seu viver. uma maldição que o levara a isolar-se. a distanciar-se dos outros humanos e das grandes massas habitacionais e humanas. o seu cérebro funcionava como um radar captando os pensamentos e sentimentos de quem o rodeava. tal situação era um fundo poço de insuportável dor.
<><><><><><><><><>
atracção
como o pólen das flores atrai e seduz o beija-flor assim minha boca é atraída para a tua. com amor. não é a coragem que me impele. em verdade sou atraído como por um íman. uma partilha de sentimentos e emoções percorre-nos e, na verdade e simplicidade dos sentimentos, tece encantada teia de luz e sons onde a flauta é dominante elevando-se numa ode à vida afastando toda e qualquer desgraça ou maldição que sempre sobre os humanos se abate em qualquer momento de suas vidas e que dizem pesar particularmente sobre o 7º filho de sete irmãos. é este o meu caso pois sou o benjamim de sete filhos de meus pais.
nunca o alimento nos falta. na doçura do beijo recolhemos as vitualhas que nos sustentam.